quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

E se talvez

Uma tarde iniciada com vazio, a lembrança, a memória, a dor, a mágoa, tudo aos poucos sendo mexido naquela tarde. Assuntos que nunca foram ditos, segredos nunca revelados, e os rostos húmidos pelas lágrimas que rolavam de suas faces. Era preciso trazer de volta as lembranças que todos fingiram ter esquecido, mas, que sempre esteve presente em suas vidas.
Eu sei que sou assim, eu nao queria ser assim, mas, se sou assim, o que eu posso fazer? Ela sempre falava assim, talvez nunca tentou mudar. Será que seria menos doloroso?
Questionamentos, vontade de voltar no tempo, gritar, pedir socorro, não calar como sempre se calou, mas passou , e só ficaram as marcas de um tempo que não volta mais. Tempo que poderia ter sido melhor, se talvez ela estivesse presente, se talvez ela pudesse ter lido naquele rosto enfraquecido pelos traumas e medo, mas não, ela nunca o percebeu, pois queria o melhor pra ele! E se talvez, e se talvez.
Mas há alguém que de perdão resistente, embora sempre tenha tentado. As cicatrizes foram mais profundas e até hoje parecem sangrar. Ela sempre buscou algo a frente. Caia, levantava, machucava, mas essas feridas nao eram mais insuportáveis do que as que antes a marcara para sempre. O seu vestido branco da primeira comunhão cortado em mil pedaços, misturados com o cheiro do álcool.
Aquela tarde ficou marcada. Eles queriam abraça-la, mas não tinham coragem, a ja afirmavam que nada mais podiam fazer.

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