domingo, 27 de novembro de 2011

A Dúvida


Acordou com uma grande duvida, pensou, pensou e pensou. Resolveu sair para distrair os pensamentos ou talvez buscar uma fuga. Todos ao seu redor não tem duvida, pensam que será melhor, mas ele, como sempre, começa a colorir a cidade que um dia ele disse que era cinza, começa a colorir o que lhe tira a paz, a tranquilidade ou ate mesmo a própria vida.

Ate quando ele se prenderá a esta falsa segurança que a todos vêm com outro olhar, mas ele insiste em colorir algo que sempre será cinza, opaco e que tem lhe tirado a vida, as cores os cheiros e os sabores.

Mesmo a tudo isso, ela permanece la dentro, grudada em sua carne, em seu corpo em sua mente, é como se ele não sentisse o desejo que ela saísse definitivamente de sua vida.

Ele tem vontade de chorar, de gritar de mandar tudo para o INFERNO, mas não, não não consegue, se prende em algo que o afunda, se pega nas faltas promessas, esperanças de um dia ser melhor, e assim vão passando os minutos, horas, dias, semanas, meses, anos até que a morte ira chegar e ai sim tudo será cinza.

Basta! Foda-se a duvida, a suposta segurança que ele inventa existir!

ELE arriscará e acima de tudo verá novamente as cores os cheiros, os sabores e A VIDA!

domingo, 6 de novembro de 2011

Saudade dos dias anteriores ao ontem

Hoje ele acordou com um desejo do nada, desejo de não voltar atrás, desejo de não seguir em frente, ficou simplesmente ali deitado naquele sofá macio estampado de flores apagadas pelos anos de uso, olhando para o céu através daquele vidro que pensava que estava sujo, mas não era a sujidade do vidro que tornara o céu cinza. Hoje ele compreende o que realmente todos dizem a cerca do clima desse lugar, da forte influência em nossos corações. E de pensar que este cinza que ele, do outro lado de lá sempre gostou, sempre se sentiu inspirado em escrever através da melancolia que este clima evidencia “ enquanto as flores são espalhadas pelo vento”.

Hoje ele acordou assim, com essa ausência de desejo, de expectativas, e assim foram passando os segundos, os minutos e como sempre passam “as horas” em sua vida. Foi então que se lembrou dela, de onde ela estaria e o que estaria fazendo naquele momento. Pegou no telefone e enviou uma mensagem dizendo “Nossa que vontade de nada” ela silenciada talvez pelo mesmo sentimento respondeu: “ eu sei”.

Agora chegou a noite, como sempre a cada dia mais gelada, acompanhada com aquele mesmo desejo do nada, porem, de uma maior intensidade. Acredito que amanha será diferente.

Boa Noite!

domingo, 14 de agosto de 2011

Pai

Ele cresceu com a ausencia de sua presença. Ainda não se sabe se esta presença realmente lhe fez falta, sabe-se apenas que em vários momentos de sua vida ele sentiu o desejo de sentir aquela presença, para assim saber medir o tamanho de sua falta.

E mentira, é tudo mentira, ele sempre sentiu sua falta. Acho que no fundo ele tenta ser forte ou talvez seja egoísta em transparecer que sempre foi independente, e que nunca se sentiu perdido. Mas passou, agora não volta mais. Hoje ele tem a oportunidade de não mais, nunca mais fazer brotar em outros corações as mesmas angustias sentidas na sua infância. Hoje ele é ausente, porém jamais omisso.

Quão bom seria se pudéssemos voltar atrás e repensar as decisões que contribuíram para um caminho vago, sem sentido, e pudéssemos ter a certeza de que as escolhas que fazemos no passado podem nos levar a um caminho vago, mas ao mesmo tempo termos a mesma certeza que as outras escolhas também nos levariam a caminhos vagos, e ai sim, pudéssemos nos regozijar por termos feito a escolha certa.

domingo, 10 de julho de 2011

Pensamentos, reflexões e sintonias se misturando com as horas. Horas que voam, horas que param, horas que não voltam.

“Mrs, Dolloway, sempre dando festas para esconder o silêncio”. Silencio escondido , preso a um passado, passado, passado...

Ele foi caminhando naquele corrodor imenso, na expectativa de ser chamado e ouvir que era mentira ou uma brincadeira, mas passaram os minutos, as horas e horas, e nada.


“E ele ali, ainda na mesma posição diante da parede cheia de flores que ele mesmo havia comprado para a festa. Ele na fotografia, intacta.” A voz, o desejo do outro de o arrancar daquela parede imovel de flores vermelhas que não cheiram mais.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Bem vindo de volta


O seu coração é confortado pelas boas lembranças que ficaram para trás, lembranças estas que são aos poucos misturadas com os dias actuais, e com isso, esses dias actuais tornam-se menos amargos, menos solitários, pois sabe que a qualquer momento pode voltar atrás, e neste atrás estará o conforto, o abraço o sorriso e o seja bem vindo de volta!

Márcio Machado

domingo, 24 de abril de 2011

A vírgula


Um dia resolveu recomeçar, foi preciso fazer escolhas difíceis, foi preciso colocar um ponto final, e logo em seguida iniciou um novo parágrafo.

Todo paragrafo aparentemente parece difícil o inicio de sua construção, mas aos poucos, as virgulas vão preenchendo os espaços vazios e dando sentido a todo o ser.

O parágrafo, a virgula e muitos travessões, pausa, reflexão e a vida passando, onde estará a felicidade? Em que paragrafo será encontrada? Será no final do capítulo?

O capitulo, um diferente do outro, mas a essência é a mesma, bem no fundo eles dizem as mesmas coisas porém com virgulas colocadas em outras ordens.

quarta-feira, 23 de março de 2011


A infância retornou, ou melhor, as feridas da infância retornaram, acompanhadas de maturidade e consciência, e novamente a lembrança da mãe, aquela que se fez ausente em busca de sonhos melhores, porém, talvez não sabia que almejar esses sonhos supostamente melhores e realiza-los talvez não tenha idealizado a dimensão de suas consequências.

Eu poderia ter falado, eu poderia ter chorado, eu poderia ter sorrido, eu poderia ter brigado, eu poderia ter sido menos triste, eu poderia….

Eu posso falar, eu posso chorar, eu posso sorrir, eu posso brigar, eu posso ser feliz, eu posso.

Eu vou falar, eu vou chorar, eu vou sorrir, eu vou brigar, eu vou ser feliz, eu vou.

O verbo é a definição do sentimento, o verbo aquele se fez carne e habitou entre nós, já não era por acaso que se referia a ele como o “verbo”. Verbo verbo o verbo.

Palavras soltas, conforme vem surgindo na minha memória, mas foi um álibi na tentativa de ocupar a mente na escrita, os sentimentos vãos se misturando a linguagem, as cores ficam mais vivas, o cheiro mais apurado, mas é inevitável em cada parágrafo esquecer o que me marca, não quero falar do que me marca, do que me fere do que me magoa, quero apenas escrever sem a pretenção de prever o final feliz. Preciso aprender que as melhores descobertas e coisas na vida não necessariamente precisam ter um final feliz.

A cena do cobertor jogado a cabeça misturado com a fumaça do cigarro misturada com a pele sem vida, sem cheiro, as duas rodas de sua cadeira a espera da morte chegar.

Ele chegou em casa na expectativa de um surpresa, mas para sua surpresa não havia surpresa, estava tudo da mesma forma. É assim a vida, não se deve viver em expectativas.

Hoje consegui observar de forma diferente a cor do vinho, o seu sabor, e seu cheiro, me fez recordar o filme Comer, rezar e amar, o prazer em apenas observar a beleza da cor, o prazer em apenas segurar a taça nas mãos, um prazer misturado com reflexões e estas reflexões fizeram-me conscientizar que nunca tinha havido esse prazer em observar, sentir, era apenas a vontade de beber com a finalidade de se embriagar e ficar feliz, porem o ficar feliz significava estar ausente da vida, da consciência da maturidade ou talvez da própria vida.

Hoje entendo consigo compreender Anne Frank , a sua ideologia de mundo, de fantasias de conforto em transcrever seus sentimentos, e acabei por encontrar um prazer na construção dessa ideologia, dessa fantasia, ao menos aqui não sou interrompido com opiniões opostas e adversas.